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sexta-feira, 6 de maio de 2011

DE REPENTE, FEIO É NÃO SABER PENSAR

Vi o Daniel Lins pela primeira vez no Café Filosófico com Alegria (assista clicando em alegria).  Um acontecimento.  Fendas se abriram no meu caminho. Novos labirintos. Encontrei o pensamento de Gilles Deleuze e Félix Guattari e as tantas portas e platôs que esses trazem. Labirinto acentrado. Dobras. Desdobras. Redobras. Ai fui lendo, ando lendo, os livros do Daniel. São tantos. Importantissimos. Pensamento. Criação. Inusitado. Acontecimento Daniel.

Dia 1o. de Maio, três anos depois daquele Café Filosófico, no meio assisti todos os outros (imperdíveis) que ele participou... Eu não perco o Café Filosófico. Adoro.   Então, uns três anos, mais ou menos, depois estou aqui em São Paulo a conversar com o Daniel Lins na cafeteria do Cine Unibanco. Não fomos ao cinema, preferimos conversar.  E foi uma conversa sobre tudo sobretudo o mundo.  Viajante intempestivo, nômade, cigano, Daniel Lins já visitou 74 países, só na India ele foi um bocado de vezes.   Falamos do mundo e de tanta coisa mais. E me contou que estudou no Colégio São Bento, anexo ao Mosteiro São Bento, no Centro de São Paulo. 




E que ficou muito tempo sem voltar a São Paulo, morando na França por mais de três décadas. Agora, morando em Fortaleza,  tem voltado a frequentar São Paulo. Sempre dando cursos e palestras. 

Tinhamos combinado por e-mail de gravar um depoimento dele sobre Paris e São Paulo. Coloquei duas questões para esquentar.

"São Paulo é uma das cidades mais feias do mundo principalmente quando a vemos do alto com suas enormes periferias. "

" Paris cidade luz é coisa do passado; hoje Paris é negra com seus subúrbios povoados de africanos."

Daniel não gostou das questões. Ambíguas, ele disse.  Concordei. Justifiquei: extrai da mídia, opiniões sobre as duas cidades.  Ele topou então o que eu queria: ultrapassar o senso comum, o pensamento com imagem, desmanchar a ideologia do feio e bonito.

"Feio é não saber pensar"

Em breve colocarei aqui o depoimento na íntegra.  E pra já adiantar mais uma coisinha, uma referência que o Daniel faz ao belo em Lautréamont:

“O escaravelho, belo como o tremor das mãos no alcoolismo, desaparecia no horizonte.”

Marguerite Duras
O Daniel escreveu um livro mais que interessante e que está no prelo. Águas Belas - Alcoolismo, Literatura e Filosofia. ESCRITA DO DESASTRE. Belo nome. Águas Belas. Eu lí. Vocês vão ler. Vai sair. Aguardem. A terra vai girar. Você vão sentir. Vertigens. Corpos sem órgãos. E vão mergulhar nas águas belas com Marguerite Duras. Sofrimento e gozo das mulheres.... Com Deleuze, o que faz do alcóolatra um conceito. E Daniel faz do boteco um espaço democrático que abraça a dor do corno. É demais. É por aí e muito mais. Etc.  É O LIVRO MAIS BONITO EMOCIONANTE QUE JÁ LÍ!!!
Por enquanto, até vir o livro pras livrarias, quem quiser pode ver aqui outra palestra do Daniel, na íntegra, Deleuze e o álcool.

Um comentário:

  1. Marta, viva a criatividade e suas postagens que nos traz com suavidade o conhecimento como se proseasse num fogão-de-lenha.
    Abraçose beijos, jorge

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