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quinta-feira, 19 de maio de 2011

OS N SEXOS

Não leio mais jornais, desses tradicionais. Vez em quando olho a edição on line da FSP porque sou assinante da Uol e posso ler sem pagar.  Passo, então,  pelo portal da Uol para acessar e às vezes alguma notícia, frase, foto me chama atenção. Ontem me chamou atenção o blog do Xico Sá com o título de um post "Trepem mais". Lí. Descobri que há um escritor cubano que se chama Pedro Juan Gutierrez. E foi ele quem disse "Trepem mais". E confirmei minha primeira impressão: PALAVRA MORTIFICANTE DE MACHO VELHO.
Li o post duplamente narcista e fálico até o fim... onde se pede a opinião dos leitores. Dei a minha "PENSE MELHOR". Poderia ter escrito também "AME" ou "NÃO CONFUNDA TREPADA COM SEXUALIDADE".

Hoje pela manhã, como quase todos dias, li o UTOPIA ATIVA. E encontrei o PENSAMENTO  cuidadoso, ético, vigoroso, sensual do Jorge Bichuetti escrevendo sobre o amor, ou melhor, ESCREVENDO COM AMOR.   Abaixo, segue trecho de um dos posts que trazem um pensar do amor realmente livre.


"Superamos a repressão sexual, conquistamos o amor livre... Abandonamos o ideário do amor romântico: metades fadadas ao sofrimento do desencontro...
Todavia, não inventamos um novo modo de amar... Reificamos o descompromisso, a ausência de vínculo e a sexualidade esvaziada de afeto e ternura... E, na verdade, temos sido infelizes e funcionamos ainda movidos pela falta, pelo anseio de simbiose, pela triangulação edípica, pela possessividade indireta, ciúme não-dito...
Para reinventarmos o amor, escutemos algumas valiosas sugestões: o amor é um encontro de potência que se realiza num cuidar de si e numa ética... Para Foucault, há que se construir no dia-a-dia dos vínculos a ética da amizade; para Leonardo Boff, a ética do cuidado; e para o velho sempre atual Espinoza, a ética da alegria...
Daí, nasce conjugando-os um novo amor: doação, partilha, cumplicidade, ternura, companhia, liberdade e alegria..."
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Pois é, nem precisa dizer mais nada. A não ser uma coisinha, o Xico Sá, chama  as mulheres de raparigas, convindando-as a opinar. Pensei: "rapariga é tu". Nunca fui rapariga. Sou moça. Inevitável lembrar-se do vitalismo de Deleuze e Guattari:
"Saber envelhecer não é permanecer jovem, é extrair de sua idade as partículas, as velocidades e lentidões, os fluxos que constituem a juventude desta idade. Saber amar não é permanecer homem ou mulher, é extrair de seu sexo as partículas, as velocidades e lentidões, os fluxos, os n sexos que constituem a moça desta sexualidade. É a própria idade que é um devir-criança, como a sexualidade, qualquer sexualidade, um devir-mulher, isto é, uma moça". Deleuze e Guattari - Mil Platôs - Vol. 4.  

3 comentários:

  1. Marta, como ainda há espaço para tamanho machismo; até, o velho Freud pouco dado à revolução diria que a vida que projetamos esconde medose desejos contrários. Os safadinhos tão todos necessitando uma revisão nos armários; já os cabem... Abraços com ternura, e imenso carinho, Jorge Bichuetti

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  2. Quero ler Deleuze e Guattari. Obrigada.

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  3. Luminoso, tudo isso, obrigada Marta !!!
    tambem não gosto muito do Gutierrez "animal sujo da havana", né !!!
    A filosofia do Espinoza é que alimenta o cotidiano.

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