Querido Jorge Bichuetti, lendo seu Diário de Bordo hoje, me veio o cheiro da gabiroba, os gostosos banhos no Rio Uberaba, as árvores e o céu do cerrado e tanta coisa da terra que me habita. Inocência perdida? Morte do charme e da simplicidade? Nem sei mais... sei que percorro minha vida desde que saí do Triângulo e fico espantada com a crescente complexidade e violência do mundo. Nunca foi fácil para o povo, mas agora a coisa está para lá de complicada. Monetarização , tudo virou mercadoria, até a arte e a educação.
O que faremos? Pergunta complicada por um lado pois parece que o beco é sem saída. Por outro lado, é óbvia a resposta: resistir. Resistir dentro e fora de nós. No espaço de dentro e no espaço social. Mudar o modo de pensar... é uma questão também cerebral como diz Deleuze. É a isso que chamo descer da cruz. Não se sujeitar ao dominante, ao pensamento dominante, pensamento platônico que impera nas mentes desde há 25 séculos. Isso não basta? Não basta, é certo pois há tantas urgências sociais como você aponta. Falando de Sartre, em "Ele foi meu mestre", Deleuze mostra a grandeza do gesto do intelectual da subjetividade frente às urgências sociais. O povo é a terra da filosofia.
Tudo que escrevi acima é o que você sabe , é o que você faz. Continuemos. Apostemos na potência da vida que resiste ao poder, que resiste ao marketing. O marketing é uma coisa muito séria pois ele é o principal instrumento da ordem vigente corruptora. E o marketing está em todos os lugares, inclusive na educação. Em Sâo Paulo é comum ver professores do ensino público "educando" seus alunos dentro de supermercados. Uma professorinha me esclareceu, com a inocência da ignorância: "estamos ensinando as crianças a se alimentarem e a cuidarem da higiene, elas não conhecem esses produtos que estão nas prateleiras". Crianças espantadas diante de tanta sedução. A que ponto chegamos? Na mais baixa, na mais terrível das misérias: as consciências formadas pelo marketing.
Precisamos fazer como Platão fez com os sofistas. Disputar a palavra. Desmoralizar a palavra marqueteira que, aliás, é plena de platonismo. Falar com os professores, com as crianças, com os trabalhadores, com os jovens. Conversações, guerrilha de pensamento.
Tenho falado com essas professoras que encontro nos supermercados e com todas as pessoas que encontro pela frente e que têm algum ouvido e boca para dialogar. Uma das coisas que tenho colocado: por que os supermercados vendem de tudo? As grandes redes de supermercado destruiram e destróem milhares de postos de trabalho e de geração de renda melhor distribuída ao acabarem com as pequenas mercearias, com os açougues, com as floriculturas, com as padarias... O comerciantes de bairros e suas famílias transformam-se em empregados e desempregados das grandes redes de supermercados. Ficam mais pobres, mais infelizes e mais servos do capital, enquanto tornam-se cada vez mais bilionários os donos de supermercados. Veja só o Abílio Diniz, considerado por muitos , inclusive pelos seus empregados, como um líder, um grande exemplo a se seguir. Não nutro ódio contra as pessoas, mas precisamos disputar a palavra com esses abílios e seu gerentes de marketing.
Parecem brincadeiras essas coisas que proponho frente à dinâmica de acumulação e concentração do capital. Mas elas são importantes mesmo porque convivem com outras dinâmicas dadas pelas próprias contradições do capitalismo. Travam-se importantes lutas dentro da dinâmica capitalista. Por exemplo, os sindicatos de trabalhadores lutam por melhores salários, isso é fundamental.
Conceito de Tecnologia), exportamos nosso ser e importamos nosso não-ser. Temos que parar esse movimento. Não se trata de xenofobismo, e sim de nos defender da sanha imperialista. Quase todas as nações produtoras de petróleo que não contam com indústria interna são, atualmente, palco de guerra e disputa imperialista. Derrubam-se governos em nome da democracia e do povo, que realmente deseja e luta por mudanças políticas de modo a melhorar suas condições de vida, mas não nos enganemos, os grandes interesses agem para que as transformações lhes sejam proveitosas, exclusivamente.
O que faremos? Pergunta complicada por um lado pois parece que o beco é sem saída. Por outro lado, é óbvia a resposta: resistir. Resistir dentro e fora de nós. No espaço de dentro e no espaço social. Mudar o modo de pensar... é uma questão também cerebral como diz Deleuze. É a isso que chamo descer da cruz. Não se sujeitar ao dominante, ao pensamento dominante, pensamento platônico que impera nas mentes desde há 25 séculos. Isso não basta? Não basta, é certo pois há tantas urgências sociais como você aponta. Falando de Sartre, em "Ele foi meu mestre", Deleuze mostra a grandeza do gesto do intelectual da subjetividade frente às urgências sociais. O povo é a terra da filosofia.
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Crianças tendo aulas em supermercado. Mas isso não é deseducação? O Brasil tem tantas misérias, mas é o terceiro consumidor mundial de produtos de higiene... |
Precisamos fazer como Platão fez com os sofistas. Disputar a palavra. Desmoralizar a palavra marqueteira que, aliás, é plena de platonismo. Falar com os professores, com as crianças, com os trabalhadores, com os jovens. Conversações, guerrilha de pensamento.
Tenho falado com essas professoras que encontro nos supermercados e com todas as pessoas que encontro pela frente e que têm algum ouvido e boca para dialogar. Uma das coisas que tenho colocado: por que os supermercados vendem de tudo? As grandes redes de supermercado destruiram e destróem milhares de postos de trabalho e de geração de renda melhor distribuída ao acabarem com as pequenas mercearias, com os açougues, com as floriculturas, com as padarias... O comerciantes de bairros e suas famílias transformam-se em empregados e desempregados das grandes redes de supermercados. Ficam mais pobres, mais infelizes e mais servos do capital, enquanto tornam-se cada vez mais bilionários os donos de supermercados. Veja só o Abílio Diniz, considerado por muitos , inclusive pelos seus empregados, como um líder, um grande exemplo a se seguir. Não nutro ódio contra as pessoas, mas precisamos disputar a palavra com esses abílios e seu gerentes de marketing.
Parecem brincadeiras essas coisas que proponho frente à dinâmica de acumulação e concentração do capital. Mas elas são importantes mesmo porque convivem com outras dinâmicas dadas pelas próprias contradições do capitalismo. Travam-se importantes lutas dentro da dinâmica capitalista. Por exemplo, os sindicatos de trabalhadores lutam por melhores salários, isso é fundamental.
Conceito de Tecnologia), exportamos nosso ser e importamos nosso não-ser. Temos que parar esse movimento. Não se trata de xenofobismo, e sim de nos defender da sanha imperialista. Quase todas as nações produtoras de petróleo que não contam com indústria interna são, atualmente, palco de guerra e disputa imperialista. Derrubam-se governos em nome da democracia e do povo, que realmente deseja e luta por mudanças políticas de modo a melhorar suas condições de vida, mas não nos enganemos, os grandes interesses agem para que as transformações lhes sejam proveitosas, exclusivamente.
Marta, nos coloquemos na luta-caminhada, guerrilha destemida... pela vida e pela liberdade... Clareiras do porvir: Sartre, marx, surrealista, Che... tribos insurgentes pela vida libertária, pela aurora, por um tempo de suavidade e cantos , madrigais do devir; abraços, Jorge
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