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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Retratos de casamento e Retrato de uma princesa desconhecida


Retrato de uma princesa desconhecida

Sophia Mello Breyner Andresen

Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa

Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos

Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino

3 comentários:

  1. Marta, amei... insurgente ironia! Viva nós. Abraços com carinho. jorge

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  2. Adorei! Dizer não é escancarar. A sutileza das palavras demonstram uma inteligência "sui generis". Deixei um comentário para você no blog do Jorge, no post de ontem. Beijossssssssssssssss

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  3. Ei Tania. Obrigada. Andei nos seus blogs. Vou lá no Jorge ver seu recado. Em breve farei comentários também nos seus blogs. Beijos beijos Marta

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