Tradução

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Elisa

"E, sobre a cor cinza, acho que, fora da arte, tentamos fugir dela o quanto possível, como do simples alarme de algo ameaçador que espreitasse das atmosféras turvas. Mergulhamos a mão no que é verde, azul,vermelho e até roxo na esperança de novas sensações, mas o cinza tem qq coisa de antigo e tardio, que nos detém em nós mesmos." Elisa

A Elisa está nos seguindo. Seja bem vinda.  Foi no Blog do Emir que nos conhecemos. Ela gostou de algo que escreví lá, mas não gostou da minha elegia ao cinza aqui. Pois é Elisa, o cinza é triste "Turbou, partiu, ardeu", Manuel Bandeira. Mas é também resistência,   "Cinza das horas",  resistência à tuberculose.  E há também uma calmaria no cinza, como nesses dias São Paulo fria e cinza.  Nuvens de algodão no céu e eu voando... Fico numa certa paz no espaço de dentro. "Avultam do clarão que cinge a serrania/ Como se houvesse aurora e o mar cantando atrás."  É Bandeira, parnasiano, mas Bandeira. Há tanto cinza nas artes, o cinema de Wim Wenders, por exemplo.  Tarkovsky, então, é o gênio do gris.
Elisa, estamos fazendo uma homenagem à Garcia Lorca, um poeta colorido certamente, mas na sua paleta há um bocado de variações da combinação de preto e branco.

beijo  
Marta

Um comentário:

  1. Talvez traí o meu próprio temor ao cinza... mas, mesmo assim, vejo terrível beleza nessa resistência do que é mais próximo (e arcaico) no interior da arte que "é livre na noite", como a pergunta de Bandeira.
    Não vejo como não voltar ao cinza, mas é que às vezes é tão difícil de encarar, na solidão da noite.
    Estou apreciando, sim, a elegia e a homenagem!
    Espero que voltem!

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